quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Contrato polêmico do CNJ é suspenso por ministro
O vice-presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal) ministro Carlos
Ayres Britto, suspendeu contrato de R
$ 1,488 milhão firmado no final de
2011 pelo CNJ (Conselho Nacional de
Justiça). Trata- se do terceiro contrato
assinado pelo CNJ no apagar das
luzes de 2011 alvo de polêmicas.
As suspeitas de irregularidades
provocaram um motim no conselho
contra o secretário-geral da
Presidência, Fernando Florido
Marcondes, responsável pelas
licitações e homem de confiança do
presidente do CNJ, Cezar Peluso.
Conselheiros pedirão, na próxima
semana, explicações sobre os
contratos. Se considerem as respostas
insatisfatórias, alguns deles admitem
pedir formalmente a destituição do
secretário.
Ayres Britto decidiu suspender esse
último contrato quando estava no
exercício da presidência do STF e do
CNJ, no dia 28 de dezembro. Mas a
decisão ainda não foi publicada e
permanece reservada. Só a empresa
que questionou a legalidade da
licitação, a B2BR , teve acesso à
decisão.
A empresa foi a nona colocada no
pregão eletrônico 35/2011, aberto
para contratação de serviço de call
center para usuários de
computadores no CNJ. Apesar de ter
dado um lance R$ 289 mil mais
barato que a décima colocada, a
empresa foi desclassificada por
problemas técnicos. Antes dela, todas
as oito primeiras foram tiradas da
disputa.
A 10.ª colocada - Inova Tecnologia em
Serviços Ltda - foi declarada a
vencedora com um lance de R$ 1,488
milhão. A B2 BR contestou no STF o
resultado e entrou com mandado de
segurança contra a decisão do CNJ.
Na decisão, Britto disse que as
irregularidades técnicas suscitadas
pelo CNJ podiam ter sido resolvidas
no momento do pregão. Não seriam
suficientes, portanto, para
desclassificá-la e para declarar
vencedora a empresa cujo serviço
custaria R$ 289 mil a mais.
Ayres Britto remeteu o processo à
primeira instância, pois o mandado de
segurança contestava decisão da
então diretora-geral do CNJ, Helena
Azuma, que não tem foro privilegiado.
No final do ano passado, o jornal O
Estado de S. Paulo revelou que uma
primeira licitação - de R$ 86 milhões
para a compra de uma rede de dados
- foi contestada pela multinacional
IBM. As suspeitas levaram integrantes
do Conselho a iniciarem uma
auditoria do processo. Depois disso,
o CNJ comprou - sem licitação - uma
sala-cofre de R$ 8,7 milhões
destinada a guardar equipamentos
comprados para gerir esse banco de
dados.
Os dois casos levaram integrantes do
Conselho a preparar duas resoluções
que devem ser apresentadas nas
primeiras sessões do CNJ. Uma delas
dá poderes aos conselheiros de
fiscalizarem os contratos firmados
pela cúpula do CNJ. A outra proposta
abriria caminho para que os
conselheiros destituam o atual
secretário-geral da presidência caso
não recebam explicações que
considerem convincentes sobre os
contratos. O texto ainda estabelece
que a indicação do secretário-geral,
que hoje é feita livremente pelo
presidente do CNJ, seja analisado
previamente pelos conselheiros.
O CNJ informou que o ministro Cezar
Peluso pode rever a decisão de Ayres
Britto. "Esta avaliação ainda está
sendo feita. Portanto, só após a
avaliação do ministro Peluso, o CNJ
terá uma posição sobre o tema",
afirmou a assessoria de imprensa.
Peluso e o secretário-geral do
Conselho não se manifestarão sobre
as resoluções que serão apresentadas
por integrantes do CNJ.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário